Havia um rapaz que ia para a sua rotina diária. Tomar um café, ficar na esplanada e olhar o horizonte até o sol se pôr. Como tantas vezes o faz. Mas aquele dia iria quebrar-lhe o ritual... num piscar de olhos. Nessa tarde, ele olha para as mesas desertas e repara numa bela rapariga que estava ali sentada. No momento em que se encaminha para a esplanada, ela levanta-se e cruza-se com ele no vão de escadas. Lança-lhe um olhar fixo, desafiante e acena-lhe com a cabeça. "Então...", atira a rapariga, com um sorriso tímido, enquanto mantém o contacto visual.

Surpreendido, o rapaz fitou a jovem por uns instantes e ficou sem reação. Não lhe disse nada. Aparentemente, nunca a tinha visto na vida. Ela seguiu, tranquilamente, o seu caminho e foi em direção a um outro rapaz que estava, mais adiante, à sua espera. Devia ser um amigo ou o irmão, pensou ele enquanto olhava, subtilmente, para trás. Não parecia ser o namorado. Não houve sequer um beijo ou um abraço entre eles. 

Neste curto espaço de tempo, percebeu que desperdiçara a oportunidade de a conhecer. Perdera a ocasião de meter conversa com ela. Perguntar-lhe, quiçá, se já não a tinha visto em algum lugar ou noutra circunstância. A sensação de arrependimento corroeu-lhe o pensamento. Várias vezes se questionou: o que estaria ela a pensar naquele momento? Será que ele estaria apenas a extrapolar uma mera troca de olhares? Uma coisa era certa: jamais saberia o que podia ter acontecido. E o tempo não volta atrás...